Férias na minha terra

Férias na minha terra

lisbonEstou de férias.

Ou isso pensa toda a gente. Mas para uma emigrante, freelancer, mãe e bicho sociável, amante do mar e da boa mesa, ultra organizadora e resolvedora, esse é um conceito que há muito ficou reduzido às páginas das revistas que mais ou menos consigo folhear nos aviões de ida e volta.
Vir a casa “de férias” significa tratar de uma lista imensa de assuntos urgentes a resolver em tempo recorde, em épocas de férias. Significa estar com a família dos três lados; ver os os amigos dos dois nos seus tempos livres e combinar com os que não gostam cá de misturas nos intervalos dos seus tempos ocupados. Ainda é preciso ir ver o mar e comer o mar e respirar o mar e mergulhar no mar e absorver o mar para limpar o Qi e criar reservas. Meses sem fim na megalópole exigem terapia marítima de choque.
Depois ainda há que saborear o resto das origens, ir beber cafés e copos para pôr conversas em dia, atualizar o guia do lazer e da noite e ver as vistas (bateu forte a febre das tatuagens, hein?).
Há também que estar e brincar e ouvir e conversar com as crianças que cresceram de um dia para o outro; tratar de mais papeis e de outras merdas; preparar caixas de coisas para mandar para casa (viagens low cost, malas low size); combinar recolhas, entregas; resolver mais cenas e arrumar outros assuntos.
Isto tudo ficando em casas alheias, com carros gentilmente emprestados e mudando o acampamento ao sabor da taxa ocupação.
Ah, mas benditos avós que raptam os miúdos e lhes dão o amor e o mimo infinitos acumulado durante meses. Louvados avós e primas adolescentes que nos devolvem o conceito de tempo livre…
Livre. Ah, finalmente livre…!
É tão bom voltar a casa.
Bem, bom o tanas! Hey! Vamos lá às filas e às fronhas das senhoras das finanças e da segurança antisocial; ao cartório; à advogada esclarecer se a última dívida de há 20 anos q a ZonNosMeo desenterrou com a fusão tem algum cabimento e validade; almoçar, jantar, visitar, mar, aproveitar os saldos, sapateiro, baixa, alta, ver papéis, mandar o texto (onde é q apanho Net?!), responder a 500 mails e mais uns quantos, tratar coisas de lá, de cá, tratar de descansar, ir o pediatra e ao dermatologista, à farmácia e ao supermercado para ainda mandar uns chouriços e arroz Carolino…
Quando é q volto para casa?! Preciso de férias! Mas estou em casa.
Não, espera, casa agora é lá…
E é suposto estar cá e de férias.
É verdade, estou de férias!
Férias!
Vamos brindar… Com vinho verde deste meu Portugal…
La la la lala lala laaaai lala laaaai…

By Margarita Cardoso de Meneses, a spanish/portuguese in London!

 

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