D’Improviso é um projecto da Sons da Lusofonia, focado em criar ferramentas inovadoras para os jovens de forma a combater a exclusão social e artística, que será executado até do fim de 2023 e que irá trabalhar a Improvisação (como é estudada na música mas não só) como ferramenta para se estar pronto para arriscar uma nova atitude e novas acções perante a comunidade.
Perante os problemas que acarretam as inúmeras desigualdades sociais que se encontram nos mais diversos ambientes familiares, escolares e urbanos de Lisboa, o projecto D’Improviso pretende instalar nos diversos locais um laboratório social que, explorando a experiência da música improvisada, contribua para a construção de uma cidadania activa e criativa através das artes.
Este projecto destina-se a jovens a partir dos 12 anos – idade em que se considera terem a capacidade de arriscar conscientemente a partir da utilização de diferentes linguagens – com vontade de participar num projecto assente na improvisação. Falta-lhes conhecer as tradições, o trampolim para o risco, de forma a terem ferramentas para mudar o ambiente à sua volta.
A metodologia do D’Improviso, numa primeira fase, assentará num modelo de “estúdio criativo” – onde estes jovens são convidados para a criação conjunta, para trabalharem o seu envolvimento em projectos e para desenvolver, pessoal e artisticamente, a sua presença no mundo. Estes estúdios irão ainda ser abertos à comunidade, sublinhando a importância nos núcleos familiares e dos amigos no despertar de novos públicos.
Serão criados grupos performativos que demonstrem que através da música, das artes e da educação global é possível, criar espaços onde diversos diálogos se desenrolam nas várias dimensões pessoais e colectivas dos seus intervenientes. Em idades em que a confrontação com o mundo é difícil de gerir é necessário ter apoio, sugerindo caminhos que evitem o insucesso escolar ou o abandono da vida criativa. É necessário improvisar sem medo e, sobretudo, improvisar em conjunto.

As acções de formação serão pluridisciplinares, com vertentes práticas e teóricas, e colocarão a tónica na criação e no cruzamento de várias áreas artísticas a partir da ideia de improvisação em tempo real. Sobre o projecto, Carlos Martins, director da Sons da Lusofonia acrescenta: “Como pessoas ligadas à improvisação inspira-nos defender e divulgar a democraticidade que se observa naturalmente, sem hierarquias e sem regras piramidais, num grupo de jazz”.
É neste contexto que surge a Orquestra de Sopros e Percussão sob direcção geral de Carlos Martins e ministrada nas percussões pelo músico Hugo Menezes e nos sopros por Eduardo Lála. Através deste grupo serão usados o Ritmo como organização do caos e o Sopro como respiração colectiva. Pretende-se improvisar a presença do corpo e do outro e usar o “Sopro e o Ritmo” para organização da memória, da tradição e como metáforas da criatividade e espontaneidade no movimento. Esta acção estimula através da improvisação, a criação de novas estruturas artísticas, pessoais e colectivas.
A Orquestra de Sopros e Percussão será sustentável, utilizando instrumentos convencionais de percussão e outros construídos através da reutilização de materiais diversos com o propósito da consciencialização para a reciclagem, mesmo nos sopros, para facilitar uma abertura estética a novas sonoridades.
A participação no programa da Orquestra de Sopros e Percussão é gratuita e os instrumentos são disponibilizados durante as actividades, sem custos. Os participantes irão integrar o grupo ou uma célula de Sopros e Percussão que sirva a cidade e os bairros num modelo experimental no qual ao praticar estas metodologias criativas estão a trabalhar as questões pessoais e de cidadania aplicadas à intervenção social e artística.
As inscrições para a Orquestra de Sopros e Percussão encontram-se abertas até dia 18 de FEVEREIRO. Mais informações aqui
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