A II Grande Guerra e o Holocausto existiram! Parece uma verdade “de La Palice” ou “de La Palisse”, mas convém repetir, mais ainda quando a história está a ser ignorada. E, quase, revivida. Nos discursos de ódio, de perseguição e de incitamento à violência. O Secretário-Geral da ONU, no dia 27 de Janeiro deste ano, Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto urgiu à memória e ao ensino da História da II Grande Guerra. Os seus antecedentes são densos, mas o importante a reter é que o Nacional-socialismo chega ao poder na Alemanha, pelo apelo ao povo, aos operários desempregados, a uma sociedade subjugada no Tratado de Versalhes e pela oratória populista de um só homem. Que dizia o que as pessoas queriam ouvir, na sua miséria e no descrédito das instituições.
Por isso, pessoalmente fomos escrevendo pequenos artigos sobre casos concretos e, agora, compilamos neste artigo.
“Recordar é uma expressão de humanidade, recordar é sinal de civilidade, recordar é condição por um futuro melhor de paz e de fraternidade, recordar é também estar atentos porque essas coisas podem acontecer outra vez, começando com propostas ideológicas que querem salvar um povo e acabam por destruir um povo e a humanidade. Fiquem atentos a como começou este caminho de morte, de extermínio, de brutalidade.”
Papa Francisco, 27 de Janeiro de 2021

Recordo-me (não nos anos da Guerra) mas, de, na faculdade, ler uma obra da autoria de Dietrich Bonhoffer, “Resistência e Submissão: Cartas e Anotações Escritas na Prisão” que me impressionou bastante com as questões levantadas. “Como pensar Deus num campo de morte?” Como referi, o povo alemão aceitou bem o nacionalismo-socialismo (nem todo mas uma grande parte) devido à fome, desemprego, fraca democracia sem representação e à humilhação “sofrida” depois da Grande Guerra. Já referi a Igreja Católica, mas este homem também é um exemplo do “acordar” para o perigo das palavras gritadas por Her Hitler. Sendo pastor protestante, funda uma Igreja Confessante, separada da Evangélica oficial e anti-nazi em 1934. Integra a resistência e ajuda os judeus a escaparem às mãos da Gestapo. Acaba preso em Março de 1943 e morre no Campo de concentração Flossenbürg.

Quem decide quem deve viver ou morrer? Não será o estado. Certamente. Foi a causa do único bispo da Alemanha que enfrentou o nacional-socialismo abertamente como o “leão de Munster”. O regime decretou que todos aqueles que possuíssem deformações ou deficiências seriam exterminados. Clemens August von Galen foi o defensor desses que não tinham voz. No período Nacional-Socialista, von Galen distinguiu-se por sua firme oposição ao regime e à ideologia racista. Participou da redação da encíclica Mit brennender Sorge (“Com Ardente Preocupação”), do Papa Pio XI, que condenava os erros do nazismo. Em 3 de agosto de 1941, denunciou violentamente em um sermão, o terceiro de uma série de três, o programa de extermínio nazi, visto como negação do mandamento divino “não matarás”.As Críticas levaram Hitler a suspender oficialmente o programa de extermínio Aktion T4, que visava eliminar deficientes físicos e mentais, considerados inúteis pelo regime. Oficiosamente os assassinatos prosseguiram até à queda do Terceiro Reich. Em retaliação à sua atitude, e principalmente a seus sermões, 24 sacerdotes e 18 religiosos da sua diocese foram presos. Tentaram prendê-lo mas os diocesanos em plena catedral uniram-se e não permitiram.

Após a divulgação de uma carta da Conferência episcopal (grupo dos bispos de uma região ou de um país)da Holanda com críticas ao Nacional-Socialismo e às práticas de extermínio , milhares de católicos são deportados, de modo especial, os cristãos convertidos do judaísmo. Entre eles estava uma mulher extraordinária de espirito irrequieto, Edith Stein. Uma mulher livre, intelectual e dona do seu destino. Em 1916 volta a Breslávia, depois de voluntariado na Grande Guerra, para trabalhar como professora suplente na Escola Viktoria, local onde fez o ensino secundário. No mesmo ano, conclui odoutorado em Freiburg com summa cum laude, com a tese “Sobre o Problema da Empatia”, que é publicada em 1917. Posteriormente, Edith será assistente do mestre e amigo. Husserl, pai da Fenomenologia, em Freiburg, e trabalha em escritos diversos. Apesar de fazer várias tentativas para obter um cargo em diversas universidades, como Gotinga, Freiburg e Kiel, não é aceite por ser mulher. Em 1918, participa na criação do Partido Democrático Alemão e, em 1919, pode votar. Até essa data as mulheres não votavam na Alemanha. Judia de sangue, em 1920 converte-se ao catolicismo, e, mais tarde, entra na Ordem das Carmelitas Descalças. Depois de ler a vida de Santa Teresa de Ávila. Com a violência da chamada Noite dos Cristais, em 1938, as irmãs são conduzidas para a Holanda, e instalam-se no Carmelo de Echt, onde deveria ser um lugar seguro. Porém, a carta que os bispos da Holanda publicaram em 20 de julho de 1942 causou e levou à prisão e deportação dos cristão convertidos do judaísmo e de mais católicos. Quando a Gestapo a tira da clausura, ela diz “Vamos, estamos a acompanhar o nosso povo”. Morre em Auschwitz numa câmara de gás aos 50 anos. Deixou uma vasta obra filosófica que foi completando dentro do convento. Foi proclamada co-padroeira da Europa, com Santa Catarina de Sena e Santa Brigida da Suécia. Edith Stein, Santa Teresa Benedita da Cruz.

A princesa de “sangue” italiana que morreu no campo de concentração de Buchenwald. A filha do rei da Itália, Victor Emmanuel III, e sua esposa, a rainha Helena de Montenegro, nasceu em Roma, em novembro de 1902. Quando Mafalda completou 23 anos de idade, casou, em 1925, com o sobrinho de Guilherme II, o antigo kaiser alemão (Mussolini já governava há três anos). Com o marido Philipp de Hesse-Cassel teve quatro filhos. Nunca escondeu a sua aversão ao nacional-socialismo por palavras (segundo algumas fontes), embora o marido tenha se juntado ao partido. Falava abertamente mas como princesa real, de um aliado, o regime nazi não podia fazer nada. Quando Mussolini foi destituído, o rei Victor Emanuel volta a assumir o cargo de líder de Itália, e pediu um armistício. Hitler, sentindo-se traído, mandou capturar todos os membros da família real italiana. Em especial, a Princesa Mafalda, por supostamente estar ligada a actividades ilegais (ajudar a resistência). A Gestapo prende Mafalda em Roma, levando-a para território alemão e, por fim, para o campo de concentração. Os filhos, antes que algo acontecesse, foram colocados sob proteção da Santa Sé. Morre a 27 de Agosto de 1944, depois de muitos abusos e tormentos reservados à Princesa. Dizem que as últimas palavras foram “Lembrem-se de mim não como uma princesa italiana, mas como uma irmã italiana.”

No meio de milhões de estrelas de David existiam milhares de triângulos rosas. Quando o nacional-socialismo, Hitler, chegou ao poder, em 1933, aprofundou o parágrafo 175 do código penal, criado pelos fundadores do Estado alemão. O “parágrafo 175 estipula que luxúria contra o que é natural, realizada entre pessoas do sexo masculino (…) é passível de prisão; pode também acarretar perda de direitos civis”. Como castigo por ser homossexual, Rudolf Brazda é enviado para Buchenwald, campo de concentração na Alemanha. No portão central estava escrito: “A cada um o que merece” (“Fedem das Seine”). Nu, tem “os pêlos raspados da cabeça aos pés”. O Seu crucifixo foi arrancado. “Nada de beatos por aqui!”, disse um membro das SS. “Esse crucifixo era o último objeto pessoal que ele tinha — um presente de Toni.” Em 1944, o médico dinamarquês Carl Vaerner, nazi, testa tratamentos de “inversão da polaridade sexual” com os homossexuais. Rudolf Sobreviveu e morreu em 2011.