A VICRI surgiu no mercado com uma colecção de gravatas e camisas, evoluindo depois para um conceito de look total, dos fatos aos blazers, passando pelas calças, sapatos, malhas e acessórios. O clássico aliado ao arrojado tem sido a nota que faz a diferença da VICRI, ao longo dos anos. Presente nas principais feiras de moda ou mostrando as suas colecções no Portugal Fashion, no Porto, ou na Floating Fashion Week de Amesterdão, a VICRI tem sido reconhecida nas principais capitais da moda.
Por isso, o Gentleman’s Journal quis entrevistar o Head Designer e Gestor da marca VICRI PORTO desde 2008, Jorge Ferreira. Depois de ter passado por várias marcas de moda e com uma carreira em design de moda desde 1997, quisemos saber a sua opinião sobre a indústria da moda portuguesa e os desafios.
- O que faz um homem ser elegante?
Acima de tudo a atitude, a presença e a forma de estar e estes três aspectos têm de ser coerentes entre si.
- Quais são as peças imprescindiveis no guarda-roupa masculino?
Uma camisa branca, um fato escuro, um blazer e uns jeans discretos.
- Tem role models na elegância masculina? figuras que o inspirem?
Existem algumas pessoas que pela forma como se apresentam ou pelo trabalho que desenvolvem me servem de inspiração como é o caso de Tom Ford, Scott Schuman (The Sartorialist) e Nick Wooster. Como criador acabo por ter diversos role models mais pontuais que mudam consoante o tema da colecção que estou a desenvolver.
- Quando se fala em Portugal como um mercado a explorar e difundir, ainda são válidas divisões como norte e sul?
Não, acho que actualmente essa dictomia já não existe. A facilidade com que podemos ter acesso à informação e ao contacto globalizado desmoronou qualquer barreira existente. O mundo mudou e temos de nos adaptar, sobretudo unificando e promovendo a imagem de qualidade das marcas portuguesas independentemente da sua localização geográfica. Só assim vingaremos no mercado global.
- Para este inverno, a Vicri propõe ao homem português e não só uma grande aposta na cor, e um desafio tendo em conta o nosso mercado?
Para alguns homens portugueses ainda poderá ser, mas as mentalidades estão a mudar. Recordo-me que quando comecei a trabalhar na VICRI, uma marca enquadrada no mercado masculino, tipicamente mais discreto e tradicional, teve de haver um processo de adaptação gradual do uso da cor nas colecções. No entanto, actualmente acho que todas as marcas estão a quebrar essas barreiras e lentamente o homem está mais receptivo a cores, padrões e texturas menos convencionais. Não deixa de ser desafiante desenvolver colecções neste contexto mas julgo que a qualidade do produto e a excelência dos materiais e confecção falam mais alto no acto da compra. Para além disso estamos num mercado saturado de grandes cadeias de vestuário e isto faz com que rapidamente se perca a identidade. As pessoas começam a ficar cansadas de vestir o mesmo que os outros e há cada vez mais uma procura pela diferença e individualidade.
