O primeiro número da revista Orpheu chegou às bancas a 25 de Março de 1915. Começando na capa de José Pacheco, passando pela Ode Triunfal, de Fernando Pessoa, ou o 16, de Mário de Sá-Carneiro, a revista agitou as hostes e foi de enorme importância para o movimento modernista português. Para além dos referidos poetas, a revista contou ainda com o contributo de Santa-Rita Pintor, Armando Côrtes Rodrigues e Almada Negreiros.
A Câmara Municipal de Lisboa organiza um itinerário pelo eixo Baixa-Chiado, onde se propõe contar a curta vida de uma publicação que legou uma vasta herança. Os locais incluídos no percurso são:
Biblioteca Camões
O imaginário da Orpheu é recriado nesta biblioteca municipal. Aqui os visitantes poderão manusear as duas edições publicadas da revista, e ainda o número três, que nunca viu a luz do dia, limitando-se a um conjunto de provas a que poucos tiveram acesso em outubro de 1917.
LARGO DO CALHARIZ, 17
Palácio do Calhariz
A antiga Liga Naval, hoje agência da Caixa Geral de Depósitos, foi cenário de uma conferência organizada por Almada Negreiros. A Invenção do Dia Claro ocorreu em março de 1921, e juntou algumas das principais figuras da geração de Orpheu, como Pessoa e António Ferro.
LARGO DO CALHARIZ, 26-34
Praça Luís Vaz de Camões
A bela praça lisboeta é uma espécie de placa rotativa para tudo o que acontecia de relevante nas artes e nas letras à época. A norte, o Bairro Alto dos periódicos e da boémia; a este, o Chiado dos grandes cafés, dos teatros, das artes plásticas e de uma certa elite bem pensante.
A Brasileira
Terá sido nas imediações daquele que é o mais célebre café do Chiado que, na noite de 24 para 25 de março de 1915, foram lidos trechos da Ode Triunfal, de Álvaro de Campos. Um ano mais tarde, Almada, sobre uma das cadeiras do café, lê publicamente o Manifesto Anti-Dantas.
RUA GARRETT, 120
São Luiz Teatro Municipal
O belíssimo Teatro da República, hoje São Luiz, foi palco, em 1917, da primeira conferência futurista. Almada assume o protagonismo e proclama o Ultimato Futurista, onde sugere que, aos portugueses, para se ser um povo completo, só faltam mesmo as qualidades.
RUA ANTÓNIO MARIA CARDOSO, 38
Largo de São Carlos
A primeira morada de Fernando Pessoa, o grande protagonista da Orpheu. A ideia de criar uma revista literária modernista partiu das suas conversas com Mário de Sá-Carneiro e do seu círculo de amigos, onde pontuavam António Ferro, Luís de Montalvor e Côrtes Rodrigues.
LARGO DE SÃO CARLOS, 4, 4º DRT.
Faculdade de Belas Artes
O artista plástico mais profundamente envolvido com a Orpheu foi Santa-Rita Pintor, amigo de Sá-Carneiro, que conhecera em França, em 1912. Formado na Academia Nacional de Belas Artes, torna-se bolseiro e parte para Paris, onde toma contacto com o movimento futurista e o pensamento de Filippo Marinetti.
LARGO DA ACADEMIA NACIONAL DE BELAS ARTES
Grémio Literário
A secular instituição, fundada, entre outros, por Almeida Garrett e Alexandre Herculano, foi um dos primeiros palcos públicos do génio de Almada Negreiros em Lisboa. Foi no I Salão dos Humoristas, em 1912, que o versátil artista apresentou desenhos e caricaturas.
RUA IVENS, 37
Livraria Ática
Em 1930, Luís de Montalvôr fundava a Editorial Ática, editora que teria por muitos anos o exclusivo das obras de Pessoa. Em 1946, o editor, poeta e primeiro director da Orpheu, abria a livraria no Chiado, com projecto do arquitecto Alberto Pessoa, e onde pontuava um painel de Jorge Barradas. Actualmente, naquela morada está situada uma loja de cafés.
RUA GARRETT, 2
Café Montanha
O velho Montanha não existe desde os idos de 50 do século XX, mas foi o cenário que determinou o nascimento da Orpheu. Pessoa, Sá Carneiro e Luís de Montalvor, ali se reuniram para lançar os alicerces da revista que seria lançada também no Brasil, sob direcção do poeta Ronald de Carvalho.
RUA DOS SAPATEIROS, 152
Livraria Rodrigues
À época, esta livraria da Rua do Ouro chamava-se Brasileira, e era aqui que se situava fisicamente a redacção da Orpheu. Nesta que foi a “primeira sede” do modernismo em Portugal, Luís de Montalvor dirigiu o primeiro número da revista em Portugal, com edição do jovem António Ferro.
RUA DO OURO, 190
Rua da Conceição
A par de Pessoa, Mário de Sá Carneiro foi o outro grande inventor da Orpheu. Nascido num terceiro andar desta rua da Baixa Pombalina, o poeta que desejava “escandalizar o ‘lepidópedro’ burguês” conseguiu arranjar forma de, “involuntariamente,” seu pai custear a revista.
RUA DA CONCEIÇÃO, 95
Martinho da Arcada
Se n’ A Brasileira há uma estátua, no Martinho está uma mesa permanentemente reservada para Fernando Pessoa. Na Baixa, este é, porventura, o café que mais história guarda sobre a geração de Orpheu, ou não fosse o preferido pelos grupos de tertúlia de Pessoa ou de Almada.
PRAÇA DO COMÉRCIO, 3
13 e 29 de maio; 18 e 26 de junho; 10 e 14 de julho; 17 e 30 de setembro; 15 e 29 de outubro; 12 e 26 de novembro; e 3 e 15 de dezembro, às 14h30.
Marcação prévia e informações: T.218 170 900
Preço: 3,69€ (bilhete simples) e 6,15€ (bilhete duplo)
Dança
Sofia Dias e Vítor Roriz regressam aos palcos com um espectáculo que dá continuidade às pesquisas desenvolvidas em criações e colaborações desde 2006, ano em que se formou a dupla de bailarinos e coreógrafos.
Na peça exploram as noções de interdependência e equilíbrio de forças opostas associadas ao conceito de órbita, enquanto imagem para uma ideia coreográfica. Sofia & Vítor investigam noções de interdependência e equilíbrio de forças opostas, associadas ao conceito de órbita: “Nesta nova criação, vamos explorar uma ideia coreográfica relacionada com o conceito de órbita, enquanto percurso ou trajectória de um corpo em relação a outro. Órbita como a distância mínima para não nos perdemos no outro, para não sermos absorvidos pelo seu campo “gravitacional” e nos precipitarmos numa irrevogável rota de colisão. No limiar dessa força de atracção reside a tensão dramática de todo o encontro – a eminência da autodestruição subjaz à própria vontade incomensurável do contacto, do toque”, sublinham.
Culturgest
10 e 11 de Abril, às 21h30
Preço: 5€ a 12€
Teatro
Portugal anos sessenta. Duas mulheres, desconhecidas, são forçadas a passar a noite numa estação de camionetas em Lisboa. Enquanto aguardam por transporte vão falando, tentando estabelecer paralelos entra as duas. Diferentes entre si, elas vão deixando cair entraves, deixando nascer uma conversa franca, desenterrando fantasmas, desvendando verdades, revelando segredos e intimidades que as vão tornando próximas. Uma e outra acabam por sentir um respeito mútuo que no final da noite se transforma numa profunda amizade. Quanto a mudanças nas suas vidas.
Teatro da Luz
Carnide
9 a 26 de Abril, às 21h30
Preço: 10€


