O medo não é bom conselheiro

O medo não é bom conselheiro

O medo não é bom conselheiro, diz-nos a sabedoria popular e a História dos povos. E, o medo não pode apagar os nossos valores democráticos alcançados nos séculos, pouco a pouco. O medo  não é resposta nem à peste, nem à fome, nem à guerra e nem à morte. O medo não é resposta ao terrorismo como não é resposta ao emigrante. Nem é resposta à possível corrupção estatal ou social.
Encontrar-nos-emos numa nova situação de confinamento com eleições presidenciais pelo meio.

Nesse contexto, deixem que partilhe convosco algumas reflexões sobre os valores democráticos, nos quais cada um de nós vai levando a sua vida quotidiana, muitas vezes sem reflectir nisso.

Os valores democráticos de um estado de direito, seja na forma da república seja na forma de monarquia parlamentar ou constitucional, não devem ser palco de chacota nas redes sociais nem de técnicas de framing político, onde alguém repete constantemente um chavão aceite pelo cidadão da esquina ou do café (que tem o direito à opinião, mas opiniões não fazem lei nem valores), à boa maneira dos comícios de “Herr Hitler” ou “Signor Mussolini” e “Tovarishch Stalin”.

Nas redes sociais, a técnica que não é nova nem portuguesa consiste em pôr em causa os valores da nação com meros chavões ou vídeos deturpados. Na sua última encíclica o Papa Francisco, grande defensor dos valores democráticos como se pode perceber na sua última intervenção sobre a invasão do Capitólio, diz que o individualismo atrás de um ecrã ou smartphone “permitiu que as ideologias perdessem todo o respeito. Aquilo que ainda há pouco tempo uma pessoa não podia dizer sem correr o risco de perder o respeito de todos, hoje pode ser pronunciado com toda a grosseria, até por algumas autoridades políticas, e ficar impune” (Fratelli Tutti 44).

Não nos podemos esquecer a génese da ONU, que muitos criticam, depois da II grande guerra. A sua função de defender os direitos humanos expressados em vários pontos, aqui.

Mesmo no caso de inoperância das instituições, os valores democráticos e os direitos humanos nunca podem ser postos em causa. Antes, reformar as instituições ou os governos.

Mas podem perguntar quais são os valores democráticos em causa? Equidade, justiça, imparcialidade, liberdade, igualdade, solidariedade, tolerância, direito à diferença, educação para todos, segurança, igual acesso à saúde, sustentabilidade, paz, coesão social, liderança, participação e esperança de uma vida melhor. E muitos mais outros que estão a ser postos em causa por alguns nas suas propostas políticas.

Como noutras situações históricas cabe-nos intervir democraticamente e legitimamente para que estes valores possam sobreviver. Porque, onde eles sobreviverem, haverá uma sociedade capaz de se auto-questionar e reformar. Não basta despejar queixas nas redes sociais. Investigue os programas eleitorais. Vote!

P.S. É gratificante ver que as redes sociais uniram-se para calar uma das vozes que ultimamente tem disseminado mais violência verbal e efectiva nas mesmas redes. Do Twitter ao YouTube, todas foram unânimes em remete-lo ao silêncio. É o que se deve fazer, não pelo politicamente correcto, mas pela sanidade social e pelos valores democráticos que nos regem.

 

Photo Sebastiaan Stam

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