A Maison Ruinart, a mais antiga casa de Champanhe do mundo, comissiona anualmente, desde 1896, um artista para desenvolver uma peça de arte com base no seu património. Este ano a marca desafiou Erwing Olaf, um famoso e ousado fotógrafo internacional, a reinterpretar o primeiro comissionamento – o icónico Poster Art Nouveau Ruinart de Alfons Mucha.
Em 1896 o Poster Ruinart de Alfons Mucha revelou-se uma autêntica ‘pedrada no charco’. As curvas e a atitude da mulher marcaram este poster como inovador e bastante provocador para a época. 120 anos depois, e tendo como inspiração o poster de Mucha, Erwing Olaf desceu às galerias de giz da Ruinart, a 38 metros de profundidade, e captou com a sua objetiva o lado humano cravado nestas paredes que são Património Mundial da Unesco. O resultado foi uma série de 26 fotografias que irá, ao longo deste ano, estar exposta nas principais feiras de arte por todo o mundo.
Erwin Olaf é um dos fotógrafos contemporâneos com maior reconhecimento internacional, distinguido com inúmeros prémios e com diversas exposições por todo mundo. O seu trabalho é marcado pelo uso muito pessoal da luz e por uma abordagem a temas fraturantes da sociedade – como questões de género, beleza, violência, liberdade – sempre acompanhados de uma crítica clara incisiva à hipocrisia social, tabus, padrões duplos ou abuso do consumidor. No entanto, o seu trabalho para a Maison Ruinart acabou por ser algo completamente diferente da sua actual famosa assinatura barroca e de imagens hipnóticas, tendo o autor considerado esta peça como um regresso às suas origens, já que os seus primeiros trabalhos eram maioritariamente a preto e branco. A tensão frequentemente encontrada nas suas personagens é aqui substituída por um apaziguamento, até mesmo uma espécie de serenidade.
Enquanto fotógrafo artístico, Olaf capturou com a sua velha câmara Hasselblad, com 35 anos, uma série a preto e branco que ilumina a arte contemporânea encontrada nas caves através dos detalhes da sua formação pré-natural e dos vestígios deixados pelo homem. Os efeitos que ele deu às imagens tornaram a série ainda mais luminosa, mais do que se a série tivesse sido criada a cores.
OIaf explica que ‘se observarem a minha arte irão, na maioria das vezes, ver pessoas. No entanto, ao trabalhar para a Ruinart, pretendi capturar naturezas mortas mas com uma abordagem humana, e se olharem para as naturezas mortas que realizei a partir das paredes, irão também ver um lado humano.’
Erwin Olaf vem juntar-se a nomes como Hervé Van der Straeten, Piet Hein Eekg, Ideon Rubin, Georgia Russell, Hubert le Gall, todos eles comissionados na última década.



