Gezo Marques nasceu em Jundiaí, interior de São Paulo, em 1969. Cresceu num ambiente familiar inspirador e propício à criatividade, uma vez que o pai tinha uma pequena oficina onde reciclava e intervencionava as mais diversas peças.
Com formação em comunicação social, iniciou o seu percurso profissional em São Paulo. Quando recebeu um convite para trabalhar em Portugal, a sua curiosidade fê-lo aceitar. Era para ter ficado pelo período de um ano, mas entretanto passaram-se 16. Atualmente é diretor criativo numa agência de publicidade.
Quando chegou teve o sentimento de “querer viver cá”. Agora tem a certeza. Virou de suspeita para certeza. Parecia que Lisboa esperava por ele.
Define Lisboa como sendo “uma senhora muito velha, muito bonita e sem maquilhagem”. Se pudesse, as coisas que mudaria em Lisboa passariam pelo respeito e civismo para com a cidade e o seu património.
Considera que a elegância é um conceito muito mais abrangente do que o vestir. A elegância está na atitude, na generosidade, na delicadeza, na subtileza. A roupa é só um reflexo disso tudo, quase uma exteriorização de uma forma de ser. De uma forma geral, entende que os portugueses são muito sóbrios, muito conservadores na forma de vestir.
Não considera existirem peças de roupa essenciais. Mas, gosta de uma camisa que o leve a dizer “hello gorgeous!!!”; umas calças em relação às quais alguém diga “Eu já coube nessas calças?”; uns sapatos que o faça prometer “vou dançar a noite toda!”.
Apesar de não ter role models, define-os como sendo pessoas que, apesar de toda a globalização e massificação do vestir, conseguem construir e imprimir um cunho muito pessoal a tudo o que vestem. No que se refere a criadores de eleição, refere Marc Jacobs (porque conta histórias) e Dino Alves.
Gezo Marques concilia o trabalho de director criativo com o de criador de peças diversas, desde mobiliário reinventado, pintura em diversos suportes, painéis e, ou até mesmo a intervenção com lascas e recortes em madeira num cavalo em tamanho real. Tudo isto pode ser visto de perto na oficina que detém com a sua irmã Bete Marques, a “Oficina Irmãos Marques”, no Bairro Alto.
A oficina é composta por 3 partes. A parte conceptual da oficina é a galeria onde podem ser vistas exposições. O segundo espaço consiste numa loja onde se encontram objetos curiosos, algumas esculturas, ilustrações e outras peças garimpadas em feiras com muito carinho e olhos de lince pela dupla. Por último, o terceiro espaço corresponde à terceira sala do atelier onde as obras são materializadas e ganham corpo, onde literalmente o trabalho acontece.
A inspiração para as suas peças vem da dicotomia lixo e luxo, gosta de subverter a utilidade das coisas.
Literatura, música, dança e pintura são o seu “combustível” para tudo.
Questionário Proust
- Qual a sua característica / traço de personalidade mais marcante?
Diplomacia - Qual a qualidade que mais aprecia num homem?
Saber rir de si mesmo - E numa mulher?
A capacidade de fazer muitas coisas bem feitas ao mesmo tempo - Qual a qualidade que mais valoriza nos seus amigos?
A sensibilidade - Qual o seu principal defeito?
Uma certa dificuldade em esquecer - Qual o seu ideal de felicidade?
A simplicidade de um bom pão com manteiga e café com leite pela manhã - Qual a sua ocupação favorita?
A manual, depois de pensar, de criar e inventar é hora de materializar - O que representaria a maior das tragédias?
A intolerância, seja de credo, raça ou gêneros - O que gostaria de ser?
Sempre muito amado! - Qual o país onde gostaria de viver?
Em um país ensolarado, cheio de vida e de amigos, repleto de gente otimista. Um país de respeito e de oportunidades - Quais os escritores favoritos?
Monteiro Lobato, Irmãos Grimm, La Fontaine - E quais os poetas?
Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Vinícius de Moraes - Qual o herói de ficção favorito?
Qualquer um que voe - Qual a figura histórica com quem mais se identifica?
Os meus pais, que apesar de não serem importantes para a grande maioria das pessoas, fazem parte da minha história - Qual o compositor favorito?
Yann Tiersen, Debussy, Rodrigo Leão
- Quais os pintores favoritos?
Jean Michael Basquiat, Rauschenberg, Klint - O que mais desgosta?
Banho frio - Qual o dom natural que gostaria de ter?
De falar várias línguas - Como gostaria de morrer?
Agradecido! Com a consciência tranquila de que fiz tudo o que podia nesta vida - Qual o seu lema de vida?
“ Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, Lavoisier