A vivência de cada pessoa enriquece-nos e o seu ponto de vista permite-nos uma visão mais global da realidade. Ouvir os outros é importante para uma compreensão da vida em todos os seus aspectos. Diferentes entendimentos ajudam a um olhar mais completo. Por isso, desafiámos José Noronha Brandão a dizer-nos o que é ser elegante e o seu entendimento da moda masculina. A visão atenta de um assessor de imprensa.
1. O que faz um homem ser elegante?
Educação e atenção. Qualquer homem com um um sorriso e um carácter atencioso está sempre elegante. Fisicamente a noção de que as suas escolhas de roupa assentam no seu corpo e no seu estilo. A dissonância e a peculiaridade só ficam bem a poucos, mas a esses qualquer coisa assenta. Ao comum dos mortais, tenho sempre em atenção que mais do que o aspiracional, devo encontrar roupa que me assente e que não cause estranheza a quem me conheça ou acabe de conhecer. Principalmente que me sinta confortável para ser eu mesmo.
2. Quais são as peças imprescindiveis no guarda-roupa masculino?
Calças de ganga clássicas, uns chinos, camisa, pólos, e um blazer de bombazine. Nesta combinação estamos preparados para qualquer ocasião. Um fato de cor escura, uma camisa branca e absolutamente imprescindível: botões de punho. Sou fã incondicional e coleccionador. Posso dizer que tenho, literalmente, quilos!
3. Tem role models na elegância masculina? figuras que o inspirem?
Não tenho modelos nas pessoas em si, especificamente, tenho nos momentos, como folhear um catálogo, assistir a um evento social. Por profissão encontro-me ligado a organização de eventos e participei em vários, de Estado, políticos, empresariais, sociais. O que sempre me chamou a atenção é o à vontade com que as pessoas se sentem nas suas segundas peles. Não há maior naturalidade do que o conforto de se sentir bem na roupa que se traz.
4. O que falta ao homem português para ser mais elegante?
Cada vez mais considero que a elegância de um homem personaliza-se na sua educação e num sorriso que convide as pessoas a sentirem-se à vontade. Não é ser-se divertido, nem convidar ao abuso, é ter-se uma franqueza que sublinhe este carácter que assiste ao ser humano: viver em sociedade. Tudo o que isole as pessoas afasta-me. O homem português precisa de ser mais vivido, mais aberto, mais social. Precisa de viver menos de modelos e mais de experiência, ser mais natural e procurar menos na roupa o seu estatuto ou afirmação pessoal. Quando nos sentimos bem na nossa pele, no nosso meio e com os nossos conhecidos, não precisamos de o fazer através de coisas sem alma e sem espírito, como as roupas. A elegância advém da maneira como encaramos-nos e à vida e às pessoas que nos rodeiam, não é fruto de regras nem mimetismos.